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Consumo de crack vem aumentando na cidade

03/06/2017 16h53 - Atualizado há 7 anos Publicado por: Redação
Consumo de crack vem aumentando na cidade

Um mapeamento feito pelo Observatório do Crack da Confederação Nacional de Munícipios, com base em informações das prefeituras, mostrou que o crack não para de avançar pelo Estado de São Paulo. De acordo com os dados, dos 645 municípios do Estado, pelo menos 558, incluindo a capital, estão enfrentando problemas relacionados à droga. Em 193 cidades do interior, o nível desses problemas é muito alto, segundo o ranking, atualizado em tempo real com informações de prefeituras. Em outras 259, o alerta é médio; e, em 105, baixo. Em São Carlos, o alerta é alto.

O delegado Edmundo Ferreira Gomes da Dise de São Carlos, em entrevista ao PRIMEIRA PÁGINA, disse que apesar dos dados mostrados com o mapeamento, o ideal é não tomá-los como verdade absoluta, pois um serviço de assistência social de um município, que fornece as informações às prefeituras, pode trabalhar de forma mais eficaz que outro. Este fato pode interferir nos resultados finais, não revelando o verdadeiro número de algumas cidades.

O delegado informou que na cidade de São Carlos, ao longo dos anos, o número de usuários de crack e traficantes vêm aumentando de forma significativa, inclusive cada vez mais adolescentes vêm se envolvendo no submundo das drogas. De acordo com o Edmundo, as “lojinhas”, mais conhecidas como “biqueiras”, estão cada vez mais disseminadas na cidade. Ele ressalta que sempre houve as vendas, porém, nos últimos tempos essa venda está acontecendo de forma mais ostensiva. 

O delegado afirmou que o crack é uma droga voltada mais para a população de baixa renda, uma vez que tem um custo baixo. Ele alerta também que duas ou três vezes de consumo já pode tornar o usuário um dependente e que a reabilitação desse usuário é extremamente complicada, podendo muitas vezes ser um caso sem volta. De acordo com Edmundo, o usuário que tem contato com o crack e torna-se viciado se vê obrigado a entrar para o tráfico, pois essa é uma maneira de garantir a droga para sustentar o vício. 

Quando o usuário não parte para o tráfico para sustentar o vício, ele irá procurar outros meios para conseguir isso, por exemplo, comete furtos, roubos de pequenas proporções, como roubar o celular de transeunte. Ele finaliza, ressaltando que as drogas em geral causam problemas sociais, de saúde e segurança. A violência aumenta à medida que a disseminação das drogas evolui. 

 

Psicóloga avalia impactos do uso de drogas 

 

A psicóloga Anna Christina Zanatta, que trabalhou em clínica de reabilitação com dependentes químicos na faixa etária dos 12 aos 17 anos e, atualmente trabalha com mulheres adultas. Para ela, são inúmeros fatores que levam uma pessoa a fazer uso de entorpecentes. 

Na fase adolescente, a psicóloga acredita que a oferta por alguém que seja próximo, um amigo, por exemplo, é o principal fator. A influência do meio em que essa criança ou adolescente vive também é importante. Por exemplo, em um ambiente em que os pais são usuários, a criança cresce no meio e acaba se envolvendo com as substâncias também. Já na fase adulta, o relato mais frequente é a fuga de problemas (ansiedade, depressão, resistência às frustações diárias). Para deixar de sentir (seja qual for o sentimento presente) faz-se o uso, como uma alternativa para tornar a vida menos difícil, o que acaba sendo uma ironia, já que a droga torna as coisas ainda mais complicadas. Mas o prazer momentâneo que o uso da droga traz é como se compensasse, e com o passar do tempo a pessoa já se torna dependente daquela substância psicoativa, afirma Anna.

Ela relata que um dos maiores obstáculos que o dependente enfrenta é a aceitação de que se está doente e precisa de auxilio para lidar com a doença. A aceitação é o primeiro passo para o tratamento, e consequentemente, para a recuperação; e talvez seja o mais difícil. Isso porque a pessoa não reconhece muitas vezes o uso excessivo: “uso só de vez em quando”, “ah é só uma maconha”; e então a nega. “Nesse momento, trabalhamos a conscientização da doença com a pessoa, o que é a adicção, e as alternativas para lidar com ela. Se é possível ficar sem o uso, e quais as estratégias para que isso aconteça. Ao longo do tratamento vão sendo trabalhadas as habilidades necessárias conseguir permanecer sem a droga após a internação”.

A psicóloga finaliza alertando sobre as consequências deixadas pelo uso do crack. “Acredito que a maior consequência deixada pelo uso de substâncias psicoativas, seja ela de qualquer tipo, é a perda de controle sobre a vida. O indivíduo tornar-se refém da substância, e não mais vive, apenas sobrevive para conseguir mais uma dose. Atrelado a isso, vem a baixa autoestima, a desmotivação em continuar vivendo; falta de esperança e perspectiva futura; problemas de saúde; a perda de confiança por parte da família, e por vezes o abandono da mesma; ou ainda, a depressão em membros da família; a própria questão social do uso. Comorbidades podem estar associadas, como a esquizofrenia”.  

Assistência social – Para atender o usuário de drogas, a Prefeitura de São Carlos oferece alguns atendimentos. Na área da Saúde, o atendimento é realizado no CAPS-AD (Centro de Atenção Psicossocial, Álcool e Drogas). O local oferece atendimentos de usuários de álcool e drogas e atende tanto aos que são encaminhados pela rede de saúde do município, quanto aos que procuram espontaneamente. A própria família pode procurar o CAPS-AD e terá todas as orientações necessárias para auxiliar o usuário. O CAPS-AD fica na Rua Major José Inácio, 2381 – Centro.

Na Secretaria de Cidadania e Assistência Social, os usuários são atendidos dentro do Programa de Atenção Integral à Família. A porta de entrada é por meio do CRAS (Centro de Referência em Assistência Social). O CRAS é a unidade pública da assistência social localizada em áreas com maiores índices de vulnerabilidade e risco social. No caso de usuários de drogas, atua com famílias e indivíduos oferecendo orientação e encaminhamento.  

Centro POP – Outro serviço oferecido é o Centro de Referência para População em Situação de Rua (Centro POP). O Centro faz parte do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) e presta atendimento aos moradores em situação de rua de São Carlos. O programa faz o acolhimento dos moradores e condução para as atividades coordenadas por uma equipe multidisciplinar com assistentes sociais, psicólogos, terapeutas ocupacionais e educadores sociais. O Centro oferece, além de cursos e capacitações, local para higiene pessoal, guarda-volumes e alimentação que inclui café da manhã, almoço e lanche da tarde.

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