Empresário e filha estavam marcados para morrer
A cada dia as investigações sobre a tentativa de homicídio contra o empresário são-carlense, José Novaes Júnior, ganha ares de crueldade e sangue frio, além de novos personagens. A filha do empresário, que estava no veículo quando ocorreu a emboscada, no dia 7 de fevereiro, também seria morta e tudo motivado por dinheiro, pelo menos é esta a declaração do delegado responsável pela Delegacia de Investigações Gerais (DIG), Gilberto de Aquino. O mandante do crime, o policial militar C.M.S e a sua mulher ( que é ex-mulher do empresário que seria executado) são bem conhecidos e proprietários de uma farmácia na rua XV de Novembro.
Os pistoleiros receberam todas as informações do cotidiano de Novaes Júnior, como seus horários, o trajeto que fazia da empresa até sua residência e com quem poderia estar no carro. Os criminosos também tiveram acesso a fotos e vídeos de Novaes Júnior e de pessoas próximas a ele. O policial militar, suposto mentor do crime, foi questionado pelo criminoso contratado sobre a possibilidade de a enteada estar no carro da vítima. O mandante disse em alto e bom som: “Dane-se”, diante do fato, na visão do delegado Aquino, foi determinada, neste momento, a sentença de morte da jovem. Porém, no dia do crime estava no carro do empresário, além da filha, a atual esposa. Todos poderiam morrer, já que a tentativa de assassinato foi muito bem planejada pelo suposto mandante. “Por dinheiro não iria se perdoar ninguém”, disse o delegado.
UMA NOVA PERSONAGEM
A história que já parecia enredo de filme de suspense ganhou contornos ainda mais dramáticos. Surge uma mulher, que acompanhou o mandante do crime no dia da contratação dos pistoleiros. Ela estava no veículo do policial e ficou observando toda a cena, sendo assim cúmplice de uma trama macabra. Para o delegado Aquino, ela tinha conhecimento de tudo o que estava acontecendo e dos planos do policial. “Há a participação de uma mulher, ela estava junto com o mandante, devia ter conhecimento do que ele estava fazendo, mas o contratado não teve condições de reconhecê-la pessoalmente e nem fotograficamente porque o mandante estacionou o veículo a uma certa distância que impossibilitou essa identificação”, afirmou o delegado da DIG.
A mulher está com a polícia em seu encalço e não irá demorar muito para a equipe da Delegacia de Investigações Gerais ter a certeza, ou não, da participação da nova personagem. Tudo é questão de tempo.
ARMA E CARROS
Tudo estava muito bem planejado pelo mandante do crime. No dia D, o dia da contratação dos matadores, os pistoleiros de aluguel receberam a arma que deveria ser utilizada para tirar a vida de José Novaes Júnior e de todos que estivessem acompanhando-o. Além disso, os atiradores receberam uma caminhonete, que após a emboscada teve que ser devolvida ao policial.
NOVOS COMPARSAS
a Polícia identificou a participação de mais três pessoas nesta história de horror, criada pelo policial militar preso. “Após nove meses de investigação, nós descobrimos que o crime foi praticado por três indivíduos. Um deles teria sido contratado pelo mandante e esse acabou convidando dois comparsas. Os três foram identificados e indiciados por roubo qualificado mais restrição da vítima, porque detiveram o motorista de um caminhão usado na emboscada, e por tripla tentativa de homicídio”, contou Aquino.
PRISÃO
O policial militar mandante do crime vai responder por tripla tentativa de homicídio. Ele está preso em São Paulo na carceragem da PM, o presídio Romão Gomes, que abriga os policiais militares que cometeram crimes. Os outros homens foram encaminhados para o Centro de Triagem de São Carlos.
A HISTÓRIA
O empresário José Novaes Júnior, de 54 anos, foi baleado com nove tiros na tarde do dia 7 de fevereiro, quando saía de sua empresa, que fica na Rodovia Engenheiro Thales de Lorena Peixoto Júnior (SP-318), no distrito de Água Vermelha. Por volta de 12h30, da fatídica quarta-feira, 7 de fevereiro, José Novaes Júnior deixava o local com a esposa e a filha de 19 anos em um carro, quando um homem apareceu e efetuou 11 disparos. Nove atingiram o empresário. A filha e a esposa não ficaram feridas, mas o pistoleiro tinha ordens de acabar com a vida das duas. Em seguida, o suspeito fugiu com um comparsa em outro veículo.
A esposa assumiu o volante e levou o marido para a base do Serviço Móvel de Atendimento de Urgência (Samu), em São Carlos. Ele recebeu os primeiros socorros e foi levado para o hospital.
O MILAGRE
Após nove meses da tentativa de execução, o empresário José Novaes Júnior está bem. Ele ainda carrega dentro do corpo 4 projéteis, o que requer alguns cuidados. Novaes Junior disse que por um milagre ele não ficou com sequelas e pode continuar a sua vida, junto com a família, porém a recuperação é lenta e ainda continua.
“Eu ainda estou em tratamento em São Paulo, recuperei bem. Tudo isso é uma obra de Deus. Ainda precisamos de cuidados, mas está tudo bem”, disse o empresário.
Novaes Júnior contou que três tiros acertaram o peito, dois, o braço, um, a garganta, outro tiro atingiu o abdômen, um, o relógio do empresário e outro ficou alojado no cinto de segurança. “Com tudo isso só estou vivo por milagre”.
Tristeza – O empresário vê com muita tristeza a tentativa de execução que sofreu, tudo, segundo ele, motivado por dinheiro: “É muito triste saber que não respeitaram minha filha. Pelo que os atiradores falaram era para matar, atirar em todos”. Ele acredita na participação de mais pessoas.