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Policial De Santi foi morto por ordem do Primeiro Comando da Capital

26/11/2014 20h32 - Atualizado há 10 anos Publicado por: Redação
Policial De Santi foi morto por ordem do Primeiro Comando da Capital

O promotor criminal Mário Corrêa de Paula, do Ministério Público (MP), concluiu o inquérito que apurou a morte do policial militar Marco Aurélio de Santi, ocorrida em 14 de setembro de 2012, no bairro Vila Jacobucci, em São Carlos, por ordem da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). Agora, o MP está recorrendo de uma decisão da 1ª Vara Criminal de São Carlos, que rejeitou a acusação de 22 pessoas envolvidas com o PCC – três delas diretamente com a morte de Santi – por formação de quadrilha e associação ao tráfico de drogas.

“O Ministério Público jamais vai se acovardar e ter medo de enfrentar o crime organizado. Estamos recorrendo ao Tribunal de Justiça e acreditamos que vamos reverter a decisão”, frisou Corrêa de Paula, em entrevista coletiva à imprensa, na tarde de ontem.

Santi tinha 43 anos e foi morto numa manhã de sexta-feira. Ele estava de folga e levou seis tiros quando estava em seu carro, na Vila Jacobucci.  O policial foi surpreendido por dois homens que efetuaram os disparos. Ele saiu do carro para pedir ajuda e chegou a ser socorrido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), mas morreu no caminho para a Santa Casa.

De acordo com o promotor do caso, ficou comprovado que Santi foi morto por uma ordem do PCC, vinda da Capital. “Essa ordem foi retransmitida para a regional deles, que fica em Ribeirão Preto. Lá, acionaram o núcleo de São Carlos para que matassem um policial militar”, salientou Corrêa de Paula.

O promotor criminal afirmou que Santi foi escolhido por ser um alvo fácil e uma rotina constante. “Ele permanecia no ‘bico’ [trabalho extra do policial] dormindo no carro. [A Vila Jacobucci] É um bairro que tem uma criminalidade alta”, acrescentou o promotor, que reuniu 150 horas de interceptações telefônicas. “Com isso, conseguimos identificar todo o caminho dessa ordem de execução. Em conjunto com a Polícia Civil, foi feito um trabalho de inteligência para identificar pessoas que pertenciam ao PCC, em São Carlos, em 2012”, acrescentou Corrêa de Paula.

 

REVÉS

De acordo com o representante do MP, houve a oferta da denúncia contra os 22 integrantes da facção criminosa. Apenas três deles, diretamente envolvidos no crime do policial militar, permanecem presos. Corrêa de Paula, porém, relatou um revés no processo. O juiz encarregado do caso, Antônio Benedito Morello, optou pela rejeição dos crimes de formação de quadrilha e associação ao tráfico, dois fatos apurados no decorrer das investigações sobre a morte do PM.

“O juiz, primeiramente, assume que a morte foi encomendada em uma represália a uma ação da Rota em São Paulo, em 2012, que matou vários líderes, mas no parágrafo seguinte da decisão, o juiz afirmou que não há ligação da morte do Santi com a formação de quadrilha e associação para fins de tráfico. Se verificamos outros crimes no decorrer das investigações, temos que apurar. Se na investigação de um furto surge um caso de homicídio não podemos esquecer um dos crimes”, assinalou o promotor.

Segundo o promotor, no final da decisão do juiz, ficou explicitado que seria extremamente trabalhoso e difícil mover um processo com 19 réus. “Não achamos que seja uma alegação jurídica aceitável”, reafirmou Corrêa de Paula.

 

“Justiça não pode ser cega”, diz irmã de policial

Bastante emocionada, a irmã do policial Marco Aurélio de Santi, Ana Valéria de Santi, diz que ainda está à espera da justiça. “A Justiça não pode ser cega. Ela tem de ser justa”, acentuou.

Ela disse que pouco interessa quem deu a ordem para matar o policial. “Levaram a vida do meu irmão. Uma pessoa íntegra e limpa. A sociedade cobra punição às pessoas que cometem crimes. Só espero que a Justiça seja feita”, desabafou.

Marcos Aurélio de Santi foi soldado da Polícia Militar por quase 24 anos. Antes de ser executado, ele trabalhava dentro do batalhão. Segundo a família, há oito anos ele fazia serviço como segurança em frente à empresa onde foi morto. O soldado era solteiro e deveria se aposentar em 2015.

De acordo com o promotor Mário Corrêa de Paula, os mesmos envolvidos na morte do policial de São Carlos mataram, um dia depois, o sargento Adriano Simões, de 36 anos, executado com 17 tiros. Ele estava de folga e fazia segurança particular em um mercado no Parque São Paulo, em Araraquara, e foi baleado nas costas por dois homens. Ele morreu no local.

Segundo a PM, testemunhas disseram que dois homens armados apareceram no local em que ele trabalhava e efetuaram os disparos no policial, que estava saindo para pegar sua moto.

O mesmo grupo também é suspeito de ter participado dos ataques contra o policial Wilson Carlos Romão Machado, dez dias depois, em Ribeirão Preto. Machado sobreviveu ao ataque.

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