Depoimento aponta que São Carlos registrou 5 mortes por dengue
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga a epidemia da dengue em São Carlos trouxe um novo depoimento que colocou em xeque o número de mortes pela doença no município. Segundo o presidente da Comissão, o vereador Equimarcílias de Souza Freire (PMDB), o diretor administrativo da Unimed São Carlos, Daniel Canedo, confirmou que o plano de saúde gastou R$ 3 milhões por conta da epidemia.
Outro dado que contradiz os números apresentados pela Prefeitura está relacionado aos casos de morte. A Prefeitura trabalha com quatro óbitos. A Unimed revelou que são cinco e ainda aguarda a confirmação de um sexto caso. “É muita contradição. Por isso, resolvemos convocar o secretário de Saúde, Marcus Petrilli, para esclarecer melhor esses números”, disse Freire.
Petrilli será ouvido na quarta-feira, 12, às 10h, na Biblioteca da Câmara. “Os números da dengue são uma confusão. Primeiro, divulgam quatro casos de morte, depois a Unimed nos traz um número de cinco mortes. Será que a cidade teve quatro, cinco ou a soma dos dois, que atinge nove mortes?”, questionou Freire.
No depoimento, Canedo confirmou que a Unimed “não estava preparada para a epidemia e que os gastos do plano de saúde com a doença atingiram os R$ 3 milhões”.
E fez um alerta à Prefeitura: caso não haja o início imediato das ações de prevenção, a partir de dezembro, o número de casos de dengue pode ser muito maior. O vereador Maurício Ortega perguntou ao médico de quem é a responsabilidade da prevenção e Canedo foi categórico: “é de prerrogativa exclusiva do município”.
OBJETIVOS – Segundo Canedo, quando a Unimed lançou nota à imprensa divulgando que o plano de saúde particular registrou mais de 2,6 mil casos, enquanto a Prefeitura trabalhava com 1,8 mil, o objetivo era “alertar os usuários para que procurassem o pronto socorro da Unimed ou da rede municipal em casos de extrema urgência, em função da grande quantidade de usuários que procuraram o sistema privado”.
De acordo com o médico, em 2014 foram registrados 34 casos confirmados da doença e 198 exames; em 2015, foram registrados 3.941 casos confirmados e 9.444 exames.
A Unimed não registrou casos de Chikungunya e Zika Vírus, no entanto, o médico faz um alerta: “Nos próximos anos, ou no próximo ano, se nada for feito, em termos de prevenção e combate ao mosquito transmissor, poderá ocorrer [maior registro da doença]”.
Canedo assegurou que, em 2014, não foram registradas mortes por dengue. “Já em 2015, cinco casos são certos, ainda há dúvida quanto à confirmação do sexto caso”, declarou.
OUTRO LADO
Em contato com a Secretaria de Comunicação da Prefeitura, a Vigilância Epidemiológica reforça que são quatro os casos de morte suspeita. Um deles é de Gilson Alves. O encarregado de uma marmoraria morreu no dia 18 de março na Santa Casa. O Serviço de Verificação de Óbito (SVO) confirmou a dengue como causa da morte do homem. A Secretaria de Saúde, porém, trata o caso como “sob investigação”, uma vez que faltam outros exames para comprovarem a causa da morte.
No dia 8 de abril, uma menina de 12 anos no bairro Santa Felícia. A família de Yasmin Postacchine Brunelli informou que a garota foi levada até uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) em duas ocasiões, mas foi liberada após receber medicação. O caso dela é semelhante ao de Gilson. Laudo do SVO confirmou a morte por dengue, mas a Prefeitura aguarda mais documentos.
Outros dois casos aguardam confirmação – A.K.P., 85 anos e P.J.C.G., 91 anos. Sobre essas ocorrências, a Secretaria de Comunicação informou, em nota, que ambos “faleceram por outras complicações da idade, mas tiveram como causa morte a dengue”.
São Carlos registrou, até o momento, 21.278 notificações da doença, números infinitamente superiores aos de 2014 – 368 casos e 1.067 notificações.
