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Jornalista expõe bastidores de eleições são-carlenses

Cebola relembra fatos que rendem um agradável livro de memórias

15/11/2020 10h18 - Atualizado há 3 anos Publicado por: Redação
Jornalista expõe bastidores de eleições são-carlenses Foto: Divulgação

A paixão por política sempre esteve no DNA do jornalista Henrique Affonso de André, conhecido popularmente como Cebola. Ainda criança ele pediu ao pai para levá-lo ao comício do então candidato a governador, Orestes Quércia, na rua General Osório. Sua torcida deu sorte, pois o pemedebista venceu aquele pleito. Através do saudoso Luciano Arantes se filiou ao PSDB com 16 anos. Sua primeira campanha foi na eleição municipal de 2000 colaborando com a candidatura a vereador de Tuca Spaziani. Trabalhou por 4 anos como repórter do jornal Primeira Página e no ano de 2004 foi redator da campanha de Paulo Altomani a prefeito. “Ali eu percebi que o Altomani jamais seria um bom administrador público, apesar de suas várias conquistas e vitórias como empresário”, resume.

Além de perder este escrutínio para a reeleição de Newton Lima (PT), Cebola também amargou a perda do avô ao qual ele havia visto muito pouco em decorrência da correria profissional de um intenso período eleitoral. Depois de assumir vários cargos na militância tucana se desfiliou do partido no ano de 2006 descrente da vertente social democrata. Trabalhou logo em seguida, em vários projetos com o renomado marqueteiro João Gaião. Com formação em Gestão Pública, Cebola é convidado para vários debates e entrevistas na imprensa opinando sobre o atual estágio da política local e nacional. Abaixo, o jornalista revela várias passagens confusas, obscuras, inusitadas e engraçadas dos bastidores eleitorais da Capital da Tecnologia, ao longo destes anos. Boa leitura!

À flor da pele

Não se envolver emocionalmente é fundamental. Eu gostaria muito que a política fosse algo puramente movido por ideais e propósitos, mas é simplesmente a venda de um produto, não havendo espaço para emoções a não ser dos eleitores. Todos os envolvidos na campanha têm de manter essa linha, sendo que as emoções vêm das ruas, do povo, que são os que têm interesses puramente dentro daquilo que acreditam. Existem candidatos assim? Claro que sim, mas são a minoria.

Podres poderes

Como na vida ou em redes sociais, o pandemônio de uma campanha jamais é exposto. Muitas vezes, os candidatos de uma mesma chapa mal se conversam, mas aparecem de mãos dadas na foto e é só conquistarem o objetivo que já se separam. Tem muita briga, muita discussão, muito palavrão. Eu já tive de separar brigas em estúdio de TV, em fundo de palanque, em reuniões de comitê e outros locais. Não sei como está hoje, mas antes, os programas eram muito mais longos e permitiam muito mais narrativas, em comparação com a maneira pasteurizada de hoje. A produção era muito difícil provocando stress, discussão e agressão lembrando que não havia a facilidade de comunicação que existe atualmente, com as mensagens instantâneas.

Treino é treino?

Treinar debate vence uma eleição. Hoje em dia, os duelos de ideias são mornos e as próprias redes sociais separam os melhores momentos. Antigamente, as pessoas paravam para ver os debates como se fosse um jogo da seleção (hoje em dia não param pra ver nenhum dos dois). No passado, os políticos eram mais hábeis porque era uma luta mais aberta, eles se insultavam, se chamavam de ignorante, ladrão, incompetente, bêbado e outros xingamentos. O efeito Fernando Chiarelli (prefeiturável de Ribeirão Preto que realiza shows homéricos em suas campanhas) era mais permissível entre os candidatos. Nos dias atuais, eles puxaram o freio de mão, pois morrem de medo de serem tachados como destemperados. Em outras épocas, o candidato que não respondesse a uma provocação era considerado ‘bunda-mole’. Em um treinamento de debate eu acabei fazendo uma pergunta pessoal pra treinar a têmpera do candidato e ele não gostou, me xingando feio. A finalidade foi alcançada, pois o marqueteiro trabalhou aquele ponto negativo e o preparou para o embate decisivo.

O Lombardi são-carlense

A voz do jornalista Nei Santos era um enorme sucesso pelas ondas da Intersom FM. Além da locução diária, ele fazia parte do programa de debates da emissora, além de apresentar os créditos finais de toda programação transmitida pela EPTV Central. Na eleição de 2000, ele foi o âncora do programa do candidato Dagnone de Melo saciando a curiosidade de muitos são-carlenses. Foi um fato comentado na cidade por semanas, eu me lembro.

Inimizade colorida

Na eleição de 2002 eu trabalhei como fiscal do PSDB na escola Conde do Pinhal, onde eu voto. Neste mesmo local, a jornalista Jussara Lopes era fiscal do PT. Como eu era repórter do Primeira Página e vivia no Departamento de Imprensa da Prefeitura éramos muito amigos, pois jamais misturei escolhas políticas com amizade. Foi a eleição pela qual Lula foi eleito presidente pela primeira vez e todo universo político estava ouriçado atrás de informações. Naquele ambiente de expectativa nos dividimos o walkman dela com um fone de ouvido para cada um. Era uma linda foto de capa de jornal com um tucano e uma petista dividindo a mesma informação num instante de harmonia e democracia, como a política deve ser. Teve até um fato muito engraçado envolvendo o eterno Rui Cereda que se esqueceu de desligar o celular durante a transmissão de um flash e o locutor berrava no ar: “Rui, Rui, desliga o celular!”. Os eleitores olhavam esta cena não entendendo nada observando um tucano e uma petista rolando de dar risadas.

Candidatos digitais

A internet mudou tudo. Antigamente o candidato tinha programas de rádio e TV, nas cidades onde existem concessão, mas o que ganhava a eleição era o santinho, a sola de sapato e o comício. Hoje em dia, o candidato faz uma live nas redes sociais e pode alcançar mais eleitores do que um comício de rua. No passado, os concorrentes tinham o famoso “sangue nos olhos” se insultando e ridicularizando uns aos outros. O Elias Grinberg, por exemplo, fazia isto com muita maestria.

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