Um Cisne Negro e o apartidarismo do mercado
De acordo com Nassim Taleb o futuro é imprevisível e eventos inesperados sempre ocorrem; estes eventos são chamados de Cisne Negro. Na semana passada, com o escândalo de Temer, observamos um Cisne Negro; consequentemente, houve uma abrupta mudança no cenário financeiro, com alta do dólar, queda nas ações e apostas numa menor queda na taxa de juros. Dado que a maioria dos gestores vinha com uma posição “comprada” em Brasil, muitos perderam dinheiro.
Apesar dessa mudança de cenário, nota-se que, mesmo com um aumento substancial nas chances de Michel Temer deixar o governo, houve um impacto moderado nos ativos financeiros. Esses estão longe, por exemplo, de patamares em que estavam no começo de 2015. Ou seja, parece que regredimos nossa caminhada, mas não mudamos de direção. E por que isso ocorre? O mercado não apoia Michel Temer?
Inicialmente devemos ressaltar que hoje temos uma equipe econômica que vem reorganizando a estrutura do país com sucesso; logo, além de estarmos em outro patamar de sustentabilidade, passa-se muito mais credibilidade. Além disso, o mercado acredita que independente de quem assumir, nenhuma grande mudança ocorrerá. O congresso aprendeu a lição e sabe que deve dar andamento nas reformas, e é exatamente isso que determinará o futuro do país.
Diferente do que muitos acreditam, o mercado não tem bandeira ideológica e nem partidária; é possível se ganhar dinheiro com todos os tipos de cenário e a tendência é gerada quando a maioria acredita em algo. Hoje a maioria ainda crê que independente do cenário político, as reformas ocorrerão, permitindo a continuidade da queda dos juros, um dólar controlado e manutenção da inflação em patamares mais baixos.
Lucas Losnak Harris – Consultor Financeiro da Compass Consultoria
