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Varejistas buscam manter lucro com serviços financeiros

04/06/2012 18h54 - Atualizado há 12 anos Publicado por: Redação
Varejistas buscam manter lucro com serviços financeiros

Mesmo com a queda nos juros, varejistas de vestuário garantem que seus serviços financeiros não devem ser afetados, contrariando a visão de alguns analistas quanto a uma menor participação do crédito no lucro operacional das companhias.

 

O juro real cada vez menor exige escala maior para garantir ganho com a operação, mas ao mesmo tempo as taxas reduzidas tendem a atrair mais clientes e estimular o consumo.

“Uma redução dos juros pode fomentar um maior apetite por crédito, de forma que mais clientes estariam dispostos a financiar suas compras, compensando assim parte da perda nas taxas de juros com maiores volumes de financiamentos”, disse à Reuters o diretor de produtos e serviços financeiros da Marisa, Arquimedes Salles.

Na Marisa, os cartões com a marca da loja e a financeira Sax responderam no primeiro trimestre por quase 87% do lucro operacional medido pelo Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação).

O Banco Central vem promovendo cortes sucessivos na taxa básica Selic, com sete reduções seguidas totalizando quatro pontos percentuais que levaram o juro a 8,50% ao ano, recorde histórico de baixa.

A Selic, contudo, é basicamente um referencial para o custo de captação dos bancos, já que as taxas cobradas do tomador final têm o peso dos spreads bancários.

A Renner, que teve quase metade do seu Ebitda vindo dos serviços financeiros de janeiro a março, vem se preparando para trabalhar com os juros mais baixos desde agosto do ano passado, quando o atual ciclo de cortes da Selic começou.

Naquela ocasião, a rede varejista com sedeem Porto Alegrecolocou em fase de teste tarifas mais baratas para o seu cartão de crédito e juros menores em cinco praças consideradas estratégicas. No momento, a companhia está expandindo a ação para 20 localidades.

Nesses lugares, a Renner está cobrando juro de 4,9% ao mês para o financiamento com cartão e o crédito pessoal. Antes, as taxas mensais eram de 6,9% e de 6,5%, respectivamente.

O diretor financeiro da Renner, Adalberto dos Santos, não vê os serviços financeiros da varejista ameaçados pelos bancos.

Para ele, o cliente busca na loja a conveniência que o banco não oferece, como a possibilidade de ser atendido aos finais de semana. “No primeiro trimestre tivemos as menores taxas de inadimplência, enquanto outras varejistas e bancos tiveram aumentos”, afirmou Santos.

Mais cético, o analista Luiz Cesta, da corretora Votorantim, estima que a participação do resultado com serviços financeiros no Ebitda de varejistas de vestuário possa cair em cerca de 10 pontos percentuais nos próximos anos.

“As varejistas precisam inovar e criar outros produtos para tentar manter o nível de rentabilidade de seus serviços financeiros”, afirmou Cesta.

O financiamento direto por varejistas já foi um canal ainda mais relevante de crédito ao consumidor. Com a maior liberação de crédito por bancos tradicionais sobretudo na última década, a oferta própria de recursos pelas lojas foi mitigada, embora ainda seja importante para alguns grupos.

 

INADIMPLÊNCIA

Na medida em que a preocupação com a inadimplência tem crescido entre bancos e varejistas, as companhias que não possuem exposição aos serviços financeiros como Hering e Restoque, dona da Le Lis Blanc, tendem a se beneficiar no curto prazo, de acordo com analistas ouvidos pela Reuters.

A Marisa, por ter como foco a classe C, é considerada uma das mais expostas, mas continua afirmando que os níveis de maus pagadores encontram-se em patamares aceitáveis.

“Acreditamos que a tendência continua positiva, com uma estabilização dos índices de inadimplência. Os indicadores antecedentes de potencial de inadimplência futura que acompanhamos indicam isso”, afirmou Salles, diretor da Marisa.

Os comentários estão em linha com as estimativas da Serasa Experian, que espera um nível de inadimplência dos consumidores brasileiros menor no segundo semestre em relação ao patamar visto na primeira metade do ano.

Marisa e Renner não apresentam índices absolutos de inadimplência para suas carteiras de crédito em seus demonstrativos de resultados, como fazem os grandes bancos que consideram atrasos superiores a 90 dias como aqueles com chance relevante de calote.

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