Jogos desafiam crise e se tornam evento mais rico
Bancos quebraram e países ficaram à beira do colapso desde que Pequim sediou os Jogos Olímpicos em 2008, mas as Olimpíadas desafiaram a desaceleração econômica, tornando-se um evento ainda mais rico em meio ao patrocínio recorde e receita televisiva.
A receita com a transmissão dos Jogos de Londres este ano e das Olimpíadas de Inverno em Vancouver em 2010 vai totalizar 3,9 bilhões de dólares, um aumento de 50 por cento em relação ao período anterior de quatro anos.
Além disso, as 11 empresas internacionais que patrocinam as Olimpíadas pagaram quase 1 bilhão de dólares pela chance de comercializar seus produtos associados aos Jogos.
Apesar das turbulências na economia global, as Olimpíadas se beneficiam da forte expansão dos mercados de televisão e globalização do comércio, além de prometerem drama humano perante uma enorme audiência.
“Se você quiser considerar uma marca, é uma marca que tem como apelo as emoções mais fortes”, afirmou Paul Deighton, ex-banqueiro do Goldman Sachs que atualmente é presidente-executivo do Comitê de Organização para os Jogos de Londres.
“Faz as pessoas chorarem de emoção. São grandes histórias emocionantes”, acrescentou.
MAIS RÁPIDO, MAIOR E MAIS RICO
Críticos afirmam que a comercialização dos Jogos, um processo que se acelerou desde que Los Angeles sediou o evento em 1984, separou as Olimpíadas dos ideais de promover paz, união e educação.
O patrocínio do evento traz controvérsias, como no caso da empresa norte-americana Dow Chemical, que assinou contrato de apoio aos Jogos há dois anos e vai pagar um adicional para esconder com material decorativo alguns dos tubos ao redor do Estádio Olímpico de Londres.
O envolvimento da Dow reacendeu a irritação sobre a compensação oferecida pelo desastre de 1984 na Índia em uma fábrica de pesticidas controlada por uma subsidiária da Union Carbide. A Dow comprou a Union Carbide em 2001.
O Comitê Olímpico Internacional (COI), órgão sediado na Suíça que supervisiona os Jogos, também foi forçado a justificar o acúmulo de reservas em dinheiro de quase 600 milhões de dólares -dinheiro que alega servir como proteção contra um eventual cancelamento dos Jogos.
Os britânicos pagaram 9,3 bilhões de libras (14,8 bilhões de dólares) pelas Olimpíadas em uma época de cortes de gastos estatais severos e ficarão curiosos para ver para onde a receita com os Jogos irá.
O COI redistribui mais de 90 por cento de sua receita com marketing, dividindo entre o anfitrião, federações internacionais de esporte e mais de 200 países que enviam atletas para o evento.
Londres pode usar seu dinheiro para pagar a conta de estar sediando os Jogos, mas assumiu sozinho a construção de novos estádios em uma área ao leste da capital.
“O modelo financeiro é que o governo paga pelos ativos que ficam lá no longo prazo e o COI efetivamente paga pelo que está na comissão organizadora… que são as despesas dos Jogos”, disse Deighton.
Deighton espera que Londres não tenha prejuízo com o custo de 2 bilhões de libras para fazer o evento que vai de 27 de julho a 12 de agosto.