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Grupo da UFSCar estuda os discursos políticos e eleitorais

09/10/2014 07h23 - Atualizado há 10 anos Publicado por: Redação
Grupo da UFSCar estuda os discursos políticos e eleitorais

O período eleitoral caracteriza-se, entre outras coisas, por colocar em evidência os discursos políticos; discursos que, embora estejam diariamente nas várias mídias, nelas se avolumam quando entra em jogo a busca por votos. 

No Departamento de Letras da Universidade Federal de São Carlos existe, desde 2006, o Laboratório de Estudos do Discurso (Labor), que se dedica à análise de vários tipos de discurso, dentre eles o político eleitoral.

O Primeira Página conversou com três pesquisadores do Labor: Vanice Maria Oliveira Sargentini, professora da UFSCar e coordenadora do Laboratório, e com os doutorandos Israel de Sá e Jocenilson Ribeiro. 

Questionados sobre aspectos que caracterizam e diferenciam as eleições de 2014 com relação a outras eleições, eles apontaram o aumento da participação da sociedade na discussão política com o uso das redes sociais e suas várias plataformas. 

Os novos meios de comunicação, conclui o grupo, ampliaram não apenas o número de candidatos e eleitores que dizem algo (e são escutados), mas ampliou também o número de temas discutidos.  

“Hoje, nenhum candidato pode dizer que não vai ser visto, nem ouvido, nem lido, pois existem diferentes suportes, diferentes mecanismos de transmissão de discurso político”, afirma Israel de Sá. Isso, diz o pesquisador, ainda que não elimine a polarização de candidatos “maiores”, dá mais possibilidade de voz aos candidatos chamados “nanicos”. 

“Isso é uma consequência da construção da democracia”, afirma Sargentini, coordenadora do Labor.

Jocenilson Ribeiro salienta que os novos meios de comunicação contribuíram para mudar determinados enunciados, falas e imagens, se comparadas a outras épocas: “Há dez anos não havia tanta facilidade para usar a internet, e como houve certa massificação, as pessoas falam mais na internet, portanto os candidatos acompanham mais o que está sendo dito”. 

Ribeiro aponta ainda que os problemas das minorias ganharam espaço nesse novo ambiente: “Antes, não se falava muito sobre questões sexuais ou de cor, por exemplo, e quem falava era quem tinha direito de voz, jornalistas e políticos”. Agora, diz o pesquisador, é possível acompanhar as discussões relativas a esses problemas.  

Os estudiosos apontam dois fatores que revelam maior proximidade dos candidatos com os eleitores nas eleições deste ano. Primeiro, o uso de avatares, imagens e símbolos da cultura brasileira ou da cultura pop como espécie de “adesivo pessoal”, como imagens de time, por exemplo. 

Outro fator é o uso dos selfies, por meio do qual os eleitores se autoincluem na cena com o candidato, “onde vale menos o que ele [o candidato] tem a dizer e mais o retrato dos rostos colados e fotografados naquele instante”, explicam. 

 

Análise dos discursos

A professora Vanice Maria Oliveira Sargentini explica que a Análise do Discurso surgiu da década de 1960, na França, já com a preocupação de analisar o discurso político: “Surgiu com o interesse de fazer o outro ver o que ele não estava vendo. E para fazer com que o outro leia esse discurso, é preciso que ele veja que os discursos não são transparentes”.

Isso quer dizer que sempre aquele que enuncia algo, enuncia a partir de um determinado posicionamento social, ideológico e histórico, nunca sendo isento. “Consideramos que nem sempre essa produção é intencional, mas conseguimos perceber as posições que as pessoas adotam. Não necessariamente ele pensa em dizer de uma determinada forma para criar um determinado sentido”.   

Para tanto, os pesquisadores analisam as palavras, expressões, imagens e gestos que compõem um determinado discurso. 

 

Fantasmas e Monstros

Questionados sobre um possível cenário que do tipo de discurso que deve ser produzido no segundo turno, o grupo diz que deve ser marcado pelo confronto entre os “Fantasmas do Passado” e os “Monstros do Presente”.

Eles sustentam essa avaliação dizendo que a campanha da presidente Dilma Rousseff já assinalva, anteriormente, que não se devia dar um passo para trás ou um passo no escuro, rumo aos “Fantasmas do Passado”. 

Em resposta, dizem os pesquisadores, o candidato Aécio Neves diz que o povo está preocupado com os “Monstros do Presente”. 

“São fórmulas que procuram etiquetar os candidatos a partir de supostos problemas de seus mandatos”, afirmam.

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