Gestores do Sahudes deixam Hospital-Escola
O Conselho de Administração da Organização Social Sahudes (OS) se reuniu na noite desta quinta-feira, 4, para discutir os rumos da administração do Hospital-Escola “Professor Horácio Carlos Panepucci”.
O encontro também contou com a participação de 50 funcionários, que se mostraram temerosos quanto a permanência no emprego. O conselho acatou os pedidos de demissão do presidente da OS, Sebastião Kury, e do vice, Celso Pedrino, que sinalizaram essa intenção em uma reunião que mantiveram com o prefeito Paulo Altomani na última quarta-feira (3).
“Acreditamos que a nossa saída vai facilitar as negociações com o governo municipal para a manutenção do hospital”, disse Kury à reportagem do Primeira Página.
O conselho também definiu os membros de uma comissão que vai tratar da transição de gestores. A comissão é composta pelo diretor-executivo do HE, Sérgio Brasileiro Lopes, pelos professores da UFSCar, Tânia Salvini, Gisele Dupas e Maria Lúcia Machado e pelos funcionários do hospital, Luciano do Carmo e Viviane Rodrigues. “Os funcionários integram a comissão porque estão preocupados com a manutenção dos empregos”, revelou Kury.
Em entrevista na semana passada, o prefeito Paulo Altomani disse que trabalhava pela manutenção da maioria dos empregos. “Quem mostrar eficiência, vontade de trabalhar, não tem o que temer, permanecerá no hospital”.
A reportagem tentou estabelecer o contato com o reitor da UFSCar, Targino de Araújo Filho, para saber quais os rumos do curso de Medicina diante da saída dos gestores da Sahudes, mas não conseguimos estabelecer contato até a conclusão da edição.
NOVELA – As dificuldades financeiras do Hospital-Escola “Professor Horácio Carlos Panepucci” ocorrem desde o início do ano, conforme revelou os gestores da Sociedade de Apoio, Humanização e Desenvolvimento de Serviços de Saúde (Sahudes).
O impasse começou com a falta de repasse dos recursos comprometidos por meio de contrato assinado entre Prefeitura e Sahudes em outubro do ano passado.
Para a manutenção do HE, o Ministério da Saúde envia R$ 700 mil ao Fundo Municipal de Saúde, que repasse à Sahudes. Outros R$ 400 mil deveriam ser repassados pela Prefeitura para complemento orçamentário de manutenção do hospital, o que não é feito há quatro meses e isso elevou o déficit entre Sahudes e município em R$ 1,6 milhão.
Como argumento para o não repasse, a Prefeitura alega que a Organização Social que gere o hospital não é transparente na prestação de contas.
Por sua vez, a Sahudes argumenta que documentos comprovam a transparência na gestão. Afirma também que um conselho municipal de avaliação submete as contas do HE à aprovação.
Em reunião da Comissão de Saúde da Câmara e os gestores do Hospital-Escola, que aconteceu em 25 de junho, o diretor-executivo do hospital, Sérgio Luiz Brasileiro Lopes, expôs a situação financeira.
Ele disse que o hospital estava emprestando medicamentos de hospitais da região, como o de Américo Brasiliense, para manter o atendimento e revelou que se a situação persistisse, o hospital poderia fechar. Na última terça (2), a Prefeitura de São Carlos repassou R$ 51,3 mil para a compra de medicamentos, mas Lopes disse que a situação financeira do hospital ainda era grave. “Não sobrevivo apenas de arroz e de feijão. O hospital necessita de recursos para permanecer aberto”, disse.
No dia 28 de junho, o reitor da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Targino de Araújo Filho, disse que instalar o Ambulatório Médico de Especialidades (AME) no HE poderia inviabilizar o internato dos alunos do curso de Medicina da universidade. “Os módulos do hospital se completam. Se o AME for instalado no primeiro módulo, comprometo o aprendizado dos alunos da Medicina. Não somos contra o AME, mas que se instale em outro lugar”.
O prefeito Paulo Altomani defende a instalação do AME no primeiro módulo do HE. Nos outros três módulos, ele afirma que São Carlos e região terão “um grande hospital universitário”.
Altomani também sempre defendeu a troca dos gestores do HE por pessoas, segundo ele, de sua confiança. Em diversas ocasiões, ele suscitou que os integrantes da OS Sahudes são ligados ao PT, o que dificulta a manutenção do diálogo com a administração municipal.