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Estágio da USP termina e participantes planejam retorno

27/04/2013 14h46 - Atualizado há 11 anos Publicado por: Redação
Estágio da USP termina e participantes planejam retorno

“O Brasil é o maior país da América latina e essa foi uma proposta atraente para mim”, declarou o chileno, Antonio Alfredo Ibáñez Landeta. “Meu amigo veio para cá o ano passado e achei uma boa ideia, também! Foi quando decidi me inscrever para o estágio. Senti-me muito feliz quando recebi a convocação”, relembrou o peruano, Andrés Galindo Céspedes. “Esse Instituto é um dos melhores da América latina! Há muita tecnologia e é muito importante para pesquisadores pertencer ou ter em seu currículo uma experiência vivida aqui”, justifica a mexicana, Ania Pereda Torrez. “Essa é a primeira vez que faço um intercâmbio. Estou me sentindo muito bem aqui e agradeço por ter sido selecionada”, comemora a peruana, Edith Tueros Cuadros.

As declarações acima foram dadas por alguns dos participantes do 1st Summer Internship do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), realizado entre janeiro e abril deste ano, que trouxe 14 alunos de diferentes países do globo, especialmente da América latina para, durante dois meses, estagiar em diferentes grupos de pesquisa do IFSC, sob orientação de algum dos docentes responsáveis pelos respectivos grupos.

Com as principais despesas pagas pelo Instituto (passagem aérea, hospedagem e alimentação), os alunos puderam usufruir de um ambiente de pesquisa com o qual alguns deles nunca tiveram contato.  A argentina, Maria Cecilia Gomez, relembra sua surpresa ao chegar ao Instituto e deparar-se com um laboratório de pesquisa que, segundo ela, “é muito maior daqueles que já conheci”. Mesmo sem o intuito de fazer sua pós-graduação no Instituto, ela afirma que um pós-doutoramento no Brasil faz parte de seus planos. A chilena Yuly Straub complementa essa informação. “Os projetos têm linhas de pesquisa muito legais e existem laboratórios adequados para acompanhá-las. Nos países de onde viemos é muito difícil se chegar à etapa clínica”.

É possível também notar nos depoimentos de cada um dos participantes o entusiasmo com a multidisciplinaridade do Instituto. E o estágio foi uma das ações que tornou esse fato ainda mais concreto: de todos os participantes, mais da metade deles vêm de áreas correlatas à física, e não da física, especificamente. O estágio abriu portas para biólogos, bioquímicos, químicos, bioinformáticos e biotecnólogos. “Sempre gostei muito de física na escola, mas me distanciei dela com o tempo. Essa foi uma oportunidade muito legal de retomar a física em meus estudos universitários”, conta Eduardo Andrés Calfucoy, bioquímico da Universidad do Chile.

Embora estejam em maioria, não só de latinos foi composto o estágio. Alessandro Ofner é um exemplo (e, ao mesmo tempo, a única exceção). Vindo da ETH Zurich (Suiça), ele conta que um de seus professores ficou por um tempo no Instituto para realizar pesquisas e “falou muitas coisas bonitas do IFSC e de São Carlos”. Quando soube do estágio de verão do Instituto, não pensou duas vezes para se candidatar. “Aqui é muito diferente da Suíça, pois uns colaboram muito com os outros. Na Suíça, trabalhamos com projetos individuais e não há muita interação. Temos contatos com aqueles que trabalham em projetos diferentes, mas um dia por semana. Essa colaboração que ocorre todos os dias aqui, na qual cada um tem a chance de expor suas diferentes ideias, é algo muito importante para o desenvolvimento da ciência”, elogia o estudante. Mesma opinião compartilha a colombiana Glenda Gisela Ibañez, afirmando que “a união e colaboração entre os grupos de pesquisa é algo que chamou minha atenção”.

Não é de se admirar que depois de tantos olhares positivos os estagiários pensem em prosseguir com seus estudos em solo brasileiro. A maioria deles é unânime em dizer que pretende realizar pós-graduações no IFSC. O colombiano Sebastian Duque Mesa diz que essa é uma possibilidade, mas a peruana Emérita Rengifo já foi além. “Esses dias me inscrevi para o mestrado no IFSC. Estou investigando todos os temas e conhecendo mais as linhas de pesquisa e optei pela biologia molecular. Já estou de olho nos pré-requisitos pedidos e espero que tudo corra bem”, relata.

 

Uma nova edição

O retorno imediato e positivo dos participantes da primeira edição do Summer Internship, obviamente, abre portas para que o programa seja realizado mais vezes no Instituto e, sobretudo, com periodicidade.

Dessa forma, todos saem ganhando, inclusive o IFSC e o país, como um todo. “Através do programa, aumentamos a variedade de nossa população estudantil. Quando se olham as instituições mais importantes de educação do mundo, entre elas universidades que desenvolvem pesquisas de ciência e tecnologia, há sempre uma grande diversidade de alunos de várias nacionalidades e culturas diferentes”, afirma o presidente da Comissão de Relações Internacionais do IFSC (CRInt), Osvaldo Novais de Oliveira Jr.

Sobre um balanço geral do jovem projeto, o diretor do IFSC, Antonio Carlos Hernandes, demonstra satisfação. “Nossa principal meta foi trazer estudantes do chamado ‘Cone Sul’ para o Instituto para que eles pudessem conhecer toda infraestrutura que o IFSC oferece. Agora queremos o retorno dos alunos. Pelo que percebi, todos ficaram satisfeitos e a expectativa é extremamente positiva para seguirmos adiante”, conta.

Richard Charles Garratt, que também é membro do CrInt e o principal idealizador do projeto, afirma que ainda é cedo para tirar conclusões sobre os erros e acertos dessa primeira edição do programa de estágio. Mas, enfatiza o entusiasmo, tanto por parte dos participantes quanto da CRInt para novas realizações. “O que eu penso é que um programa desse tipo não pode ser realizado uma única vez. É preciso insistir, pois leva tempo para coletar dados que nos permitam tirar conclusões sobre o sucesso, ou não, do programa”.

Erros ou acertos à parte, é certo que não faltarão candidatos para a próxima edição do Summer Internship, prevista para janeiro do próximo ano. E, aos poucos, o retorno aos alunos e ao Instituto, certamente, poderá ser medido e, inclusive, copiado por outras instituições que prezem pela diversidade, de pessoas e ideias, no mundo acadêmico.

 

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