IPI menor para linha branca será prorrogado
A redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) dos produtos de linha branca como fogão, geladeira e lavadora, que termina no dia 31 deste mês, deve ser prorrogada por mais três meses pelo governo para estimular o consumo e a indústria.
O setor varejista, no entanto, quer que o governo estenda a medida por mais tempo, de seis a nove meses, e pede a inclusão de móveis e materiais de construção no pacote. Fernando de Castro, presidente do Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV), diz que o pedido de prorrogação foi enviado ao Ministério da Fazenda há dois meses e, sem uma resposta, renovado há dois dias. “Queremos marcar uma reunião para discutir o assunto com o [Guido] Mantega [ministro da Fazenda] na próxima semana. Estamos nos mobilizando para isso”, diz o presidente da entidade que reúne 35 grandes varejistas do país, como Magazine Luiza e Grupo Pão de Açúcar.
Com o IPI menor, ele afirma que haverá mensalmente efeito positivo de três pontos percentuais nas vendas do varejo. A redução aumentou em média 22,63% as vendas de eletrodomésticos da linha branca de dezembro a fevereiro, na comparação com o mesmo período do ano anterior,
O diretor regional do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), Ubiraci Moreno Pires Corrêa, afirma que a medida é boa somente para o consumidor, pois estende o benefício também para os produtos importados. “É uma medida que não resolve o problema da indústrias, pois os produtos importados também recebem a redução das alíquotas do IPI. Na verdade, em São Carlos, esta medida ajuda a Electrolux e a Latina. E só”.
O diretor da Latina Eletrodomésticos, Paulo Coli, enfatiza que a prorrogação demorou muito para sair. “Na verdade é uma medida que acompanha a questão da defesa do fabricante nacional. É preciso defender o trabalhador e o consumidor. Mas, como o governo demorou, não é uma medida que vai gerar empregos. Mas, com certeza vai evitar demissões e manter o preço dos produtos”.
Coli ressalta que é necessário defender o produto nacional sob o risco de não haver consumidores. “Desempregado não compra. Então, temos que defender a empresa nacional e os empregos que ela gera”. De acordo com o empresário, a Latina utiliza em seus produtos 95% de componentes nacionais e atua com 82 fornecedores de São Carlos.
Por sua vez, o Sindicato dos Metalúrgicos de São Carlos e Região realiza uma campanha para exigir do Governo Federal que inclua nos decretos que concedem redução de impostos, exigências de conteúdo nacional e manutenção do nível de empregos às empresas produtoras de lavadoras, fogões e refrigeradores. “Há uma distorção que precisa ser corrigida, vamos lutar para que o Governo Federal exija conteúdo nacional e garantia de emprego aos trabalhadores de todo o setor de linha branca”, explica o presidente do sindicato, Erick Silva.
Ubiraci contesta a reivindicação dos metalúrgicos. Segundo ele, a isenção de IPI apenas para empresas que utilizem conteúdo nacional é uma medida que seria questionada e derrubada na OMC (Organização Mundial do Comércio). “O que poderia ser feito é a não concessão de linhas de crédito do BNDES para empresas que não utilizam um certo percentual de componentes nacionais nos seus produtos”, explica.