Sociedade Médica teme propagandas de projeto futuro
Sobre o Programa Mais Médico, lançado pelo Ministério da Saúde, o presidente da Sociedade Médica de São Carlos o médico neurologista Francisco Márcio de Carvalho destaca que existem pontos favoráveis e outros polêmicos.
Ele aprova a maior valorização do profissional, mas também questiona o caráter “midiático” de tal medida. “A elevação da remuneração médica é indiscutivelmente uma grande conquista para a classe entretanto não nos será favorável se os demais profissionais da área não receberem o mesmo reajuste salarial. Outro ponto favorável é a promessa de ampliação do número de vagas para a residência médica, se não me engano, de 17 mil,que permitirá uma melhor qualificação e incremento na qualidade da assistência médica por parte de profissionais de todo o pais. Também será bem recebida a medida que visa a ampliação da rede de assistência hospitalar e também da rede básica de saúde como exemplo durante discurso do ministro da saúde São Carlos será contemplada com a implantação imediata do hospital escola”.
Por outro lado, Carvalho teme o apelo publicitário de tais medidas. “O que é difícil é o entendimento de que sendo essa uma medida provisória espera-se que haja urgência em sua implantação e não apenas discursos e apenas propagandas de um projeto para o futuro”.
ESTRUTURA DE ATENDIMENTO – O médico também afirma que a melhoria do atendimento depende muito das condições de trabalho oferecidas. “Atendimento digno e eficiente depende também da melhoria das condições ambientais de trabalho; é difícil a situação de profissionais médicos que muitas vezes na linha de frente do atendimento SUS têm imensa limitação em seu trabalho por falta de infraestrutura e acesso a exames complementares de alto custo como ressonância magnética, por exemplo, que em algumas localidades demora mais que um ano para a realização deste exame complementar, hoje tão corriqueiro”.
Além disso, segundo Carvalho, em regiões mais distantes e cidades menores o investimento para a implantação de serviços de alta complexidade deve ser maciço e a tabela do SUS precisa ser revista e atualizada para custeio destes procedimentos. “A simples ampliação do número de profissionais médicos não é a única demanda de saúde em nosso País”.
IMPOSIÇÕES PARA OS ESTUDANTES – Quanto à medida do Governo Federal que vai obrigar os estudantes de medicina que começarem o curso em 2015 a trabalharem por dois anos no Sistema Único de Saúde (SUS) como requisito necessário para ter o diploma, ele condena totalmente. “Obrigatoriedade de tarefa me remete a recordar os Estados totalitários e autocráticos que são antagônicos à democracia, entretanto se houver a oferta de vagas em residência medica para todos os profissionais médicos aqui formados como vem sendo prometido essa obrigatoriedade torna-se desnecessária pois durante o programa de residência medica todos nós atendemos exclusivamente pacientes do Sistema Único de Saúde, portanto posso concluir que faltou reflexão na elaboração desta medida”.