Felicidade
Na semana passada, um amigo me contou uma história muito triste: um primo distante, 25 anos, noivo, ótimo emprego, pulou da sacada do 19º andar do prédio onde morava com a mãe. É impressão minha ou parece que tragédias com esse mesmo enredo aumentam a cada dia?
Alguns podem se adiantar para dizer que tudo é culpa da mídia. “Antes ninguém sabia de nada, agora noticiam de tudo e por isso temos a impressão de que as tragédias estão aumentando”, alguns queridos leitores me diriam, se pudessem.
Concordo! Antes não tínhamos jornais, revistas, TV, Facebook, twitter etc. etc. Mas, uma coisa que talvez não estejamos enxergando é a raiz dessa coisa toda: é possível, sim, que mais pessoas estejam escolhendo dar fim em suas vidas, porque ela, de repente, fica sem graça. Isso porque se antes éramos felizes nas reuniões de família, no happy hours com os amigos, no abraço do nosso amor assistindo a um filminho no sofá, hoje, certos “alguéns” nos disseram que para ser feliz “só” isso não basta. O negócio mesmo é comprar o carro zero, a mansão no bairro chique e a roupa que a Gisele Bünchen posou na capa da Vogue. O resto é “balela”.
Depois disso, o que acontece? Deletamos a primeira parte (amigos, família, amorzinho no sofá) e vamos desenfreadamente atrás da segunda. Para os poucos que têm o luxo de comprar tudo isso, o que vem depois? O vazio espiritual que só aquele happy hour, abraço e reunião poderiam suprir, e foram esquecidos. Hora de ir embora.
Peço perdão, queridos leitores, por insistir em escrever artigos com essa temática. Mas, acredito piamente que somente bons valores e companhias poderão salvar muitas vidas e, mais do que isso, torná-las realmente felizes com duração indeterminada.
(*) Jornalista
