Ocupação da Coronel Salles seria a única forma de evitar tráfico de drogas
Mais uma vez as praças Coronel Salles e Santa Cruz foram palco de ações da Polícia Militar e da Guarda Municipal para coibir a venda e o uso de drogas por jovens que fizeram do local um ponto de encontro. Na última sexta-feira e na madrugada de sábado para domingo houve a necessidade da intervenção das forças de segurança pública.
Sem alternativas culturais na cidade que possam agregar os jovens, principalmente os de baixa renda, muitos acabam saindo dos seus bairros e se reunindo nas praças centrais da cidade. E é neste momento que muitos problemas acontecem. Traficantes aproveitam o espaço para oferecer entorpecentes aos jovens. Bebidas alcoólicas são consumidas, e em grande quantidade por menores de idade. O som alto atrapalha os moradores do entorno das praças e a violência toma conta. Não é raro acontecer brigas entre grupos rivais.
A situação demonstra que o poder público, ou seja, a Prefeitura de São Carlos falha em mais um setor, o que promover cultura e atividades para jovens. Na verdade não há uma política eficaz para o setor, o que deixa uma grande parcela da sociedade marginalizada. A ocupação das praças, entre elas a praça Coronel Salles, seria a única alternativa viável para evitar o consumo de drogas licitas e ilícitas. O psicopedagogo Humberto Campos vê na realização de atividades culturais nas praças a única forma de trazer o jovem para o convívio social sempre ferir as normas. “O jovem é transgressor por natureza e hoje para se impor em grupo muitas vezes são chamados a extrapolar, e esse extrapolar coloca o uso de drogas como um dos tabus a serem quebrados. A outra situação é a sexualidade. O “pegar geral” também é uma forma de transgredir a sociedade”, explica. Para o especialista o transgredir é se rebelar contra o sistema.
E é justamente neste ambiente de rebeldia que os traficantes aproveitam para comercializar entorpecentes. “O que percebemos que nestes casos alguns trazem a droga e acabam repassando para outros. As bebidas vêm muitas vezes escondidas dentro dos carros. Como não há o olho do Estado fica muito fácil o uso e a venda de maconha, crack e cocaína”, afirma Campos. Para ele, a prefeitura precisa criar elementos culturais nas praças dos bairros e na praça central. “Se o jovem tiver uma atividade no seu bairro, no seu reduto, ele deixará de vir para o centro. Irá fixar no seu espaço. Mas tem que ser uma atividade que fale a língua deste jovem. Mesmo assim as praças centrais também devem ser ocupadas com atividades. Começar, por exemplo, pela Coronel Salles é dar o ponta pé inicial. Um show, atividades de Hip Hop, Skate. Há infinitas possibilidades a custa baixo”, disse.
SEGURANÇA
O tenente-coronel Samir Gardini, diretor de políticas institucionais da Prefeitura, concorda que a realização de atividades nas praças irá coibir as ações de criminosos que utilizam os locais para a venda de drogas. Em entrevista ao programa Acontece São Carlos, da Rádio São Carlos, Gardini afirmou que a união das secretarias de Esportes, Infância e Juventude e a sua diretoria é de fundamental importância para levar cultura e esporte para as praças. “Os jovens precisam se divertir, precisam de um lugar. Eles vêm para a praça e aqui acabam sendo um alvo fácil para criminosos. Concordo que a Prefeitura precisa fazer algo o mais rápido possível”, disse Gardini.
Para ele, a participação de um número maior de pessoas engajadas neste processo é fundamental. “Hoje os jovens precisam de uma orientação. Parece que falta algo, falta limites. Os pais precisam estar presentes na vida dos filhos e o Estado presente com ações que fomente bons projetos”.
Gardini disse ainda que o papel da Guarda Municipal é restabelecer a ordem nos espaços públicos municipais e quando a situação é mais complexa conta sempre com o apoio da PM. Neste caso a intervenção acontece quando a ordem é rompida. “O papel da GM e da PM é restabelecer a ordem. Se pegarmos alguém utilizando ou vendendo drogas vai ser detido e levado para o plantão policial. Intensificamos as ações, mas só isso não basta, tem que existir uma política para estes jovens e já estamos conversando neste sentido”, explicou.
A Câmara Municipal também está sendo chamada a conversar sobre o tema e ajudar em propostas. O presidente da Câmara, Julio Cesar (DEM) afirmou que já conversou com colegas parlamentares sobre o tema e quer debater com também com a prefeitura. “É uma situação em que todos precisam se unir”, afirmou Julio Cesar.