Altomani minimiza críticas à Câmara de São Carlos
O prefeito Paulo Altomani (PSDB) tratou de minimizar as críticas ao Poder Legislativo na noite da última quarta-feira, 5, quando participou da abertura da exposição que conta a história do Sistema Clube de Comunicação, no shopping Iguatemi.
Em entrevista à Rádio Universitária FM na última terça-feira, 4, o prefeito teceu duras críticas ao Poder Legislativo, suscitando dúvidas sobre a transparência.
“Só temo a Deus e vou falar uma coisa: conheço todos os números da Câmara, analisei o Portal da Transparência e sei como estão administrando, pois nós levamos a Prefeitura no fio da navalha e espero que façam o mesmo. Eles sobrevivem com R$ 1,4 milhão, dinheiro do povo, que passamos todos os meses e acredito que estamos no mesmo barco e temos que parar com o discurso politiqueiro. Precisamos pensar como instituições, precisamos remar a favor de São Carlos”, disse Altomani.
A repercussão do caso provocou uma reunião da Mesa Diretora da Câmara, que decidiu pela interpelação do prefeito. “Eu acredito que a Câmara não precisaria me interpelar na Justiça porque a Prefeitura passa por uma dificuldade grande e temos R$ 73 milhões confiscados. Passamos integralmente o duodécimo do Legislativo todo o mês”, afirma.
Altomani disse que aguardava maior proatividade dos parlamentares junto aos deputados federais e estaduais que emprestaram apoio nas últimas eleições, em busca de emendas parlamentares. “Assim poderíamos amenizar a penúria que passamos, pois a Prefeitura está fazendo um sacrifício grande, esperava que a Câmara, não apenas devolvendo o duodécimo, fizesse sua parte buscando recursos para ajudar a cidade”, comentou.
Perguntado sobre os números do Portal da Transparência da Câmara, os quais disse possuir, Altomani entende que os vereadores poderiam adotar um cinto ainda mais apertado. “Eles poderiam fazer mais sacrifício e devolver um pouco mais para a Prefeitura”, pondera. “Se é isso sobre isso que irão me interpelar judicialmente, já estou respondendo”, concluiu. Nos bastidores da Câmara, as falas do prefeito soaram de forma agradável. As articulações dos partidos políticos com representantes na Casa entendem que uma crise política, atrelada à crise financeira do município, traria mais ônus à população.
ANÁLISE
Uma decisão acertada
A Mesa Diretora da Câmara de São Carlos deve enterrar essa história de interpelação judicial questionando o prefeito Paulo Altomani, que suscitou dúvidas sobre as questões administrativas do Legislativo.
Já é de conhecimento de toda a sociedade são-carlense que o prefeito Paulo Altomani não mede as consequências das palavras. Aliás, o seu maior inimigo é o microfone. Mas a junção das crises financeira e política do município pode trazer danos catastróficos a quem nada tem a ver com as brigas – a população.
O momento pede que as contendas sejam guardadas e esquecidas em uma gaveta, mas que as opiniões também sejam respeitadas. Na convenção do PMDB, Lucão Fernandes fez um discurso como militante partidário. Não está errado em cutucar o partido para tirá-lo do ostracismo político. Como presidente da Câmara, Lucão tem sido republicano para com a Prefeitura. Tanto é que já devolveu quase R$ 1 milhão de duodécimo – e deve devolver ainda mais. Para os outros vereadores, fica a lição. Ouçam o conselho do prefeito e vão a campo em busca de recursos para São Carlos.
