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Cota não garante participação da mulher na vida política

04/11/2012 10h34 - Atualizado há 12 anos Publicado por: Redação
Cota não garante participação da mulher na vida política

A Procuradoria Regional Eleitoral de São Paulo fiscalizou e exigiu a proporcionalidade entre os gêneros na montagem da chapa para vereador pelos partidos políticos. A cada dez candidaturas a vereador, pelo menos três foram preenchidas por mulheres, ou vice-versa, em casos nos quais houver mais mulher que homem na composição do quadro partidário.

 

Entretanto, o resultado nas urnas não foi o mais satisfatório, na opinião do juiz eleitoral de São Carlos, Paulo César Scanavez. “Numa análise generalizada, os partidos priorizaram a candidatura dos homens, com uma ação antidemocrática que não valoriza o papel da mulher de forma a integrar os quadros do partido”, ressaltou.

Ele foi além ao afirmar que a Constituição deveria exigir que as Câmaras Legislativas tivessem necessariamente um terço de representação feminina. “Sugiro também a criação de um partido comandado por mulheres e que só preencha os 30% com homens para cumprir a cota estabelecida. Assim teríamos mulheres no comando da política”, afirmou.

Na avaliação da vereadora Laíde Simões (PMDB), mesmo com os partidos cumprindo a cota de proporcionalidade entre homens e mulheres na composição das chapas (leia texto a baixo), o quórum feminino eleito ainda foi muito baixo na Câmara. Para o próximo mandato que começa em 2013, Laíde terá apenas a companhia da Maria Aparecida dos Santos, conhecida como Cidinha do Oncológico (PHS).

Em 2000, quando entrou como vereadora, eram cinco mulheres, de lá para cá o número só se reduziu. “Eu esperava mais, já que aumentou o número de candidatas e os partidos obedeceram à legislação, atendendo a cota de proporcionalidade. Eu acredito que tem muita mulher na cidade que poderia estar na Câmara, levantando a bandeira e representando o seu segmento. Mas, infelizmente, essas mulheres não se predispõem a participar de política. Eu não se explicar o porquê”, disse ao explicar sutilmente que falta politização no gênero.

Laíde afirma que para concorrer a um cargo político é necessário que se tenha um trabalho de base. Algo que possa apresentar à comunidade e que dê respaldo ao voto do eleitor. “Eu acredito que as mulheres envolvidas com a comunidade talvez percebam que a política não seja o caminho para continuar o seu trabalho. Com isso, aquelas que têm uma base não querem entrar”.

 

CIDINHA – A vereadora Maria Aparecida dos Santos, conhecida como Cidinha do Oncológico, conquistou pela primeira vez uma vaga no Legislativo com 1.526 votos pelo Partido Humanista da Solidariedade (PHS). A partir de 1º de janeiro, ela será uma das duas mulheres que integrarão a Casa com 21 vereadores da cidade.

Para ela, foi uma surpresa não encontrar mais representantes femininas entre os candidatos eleitos. “Tivemos excelentes candidatas que desenvolvem projetos sociais de relevância e que mereciam estar aqui”, ressaltou.

Ela também afirmou que em um determinado momento encontrou na política um caminho mais fértil para atuar em benefício das pessoas, principalmente nas causas referentes ao tratamento oncológico.

 

HIBERNAÇÃO – Scanavez disse que muitos partidos políticos hibernam por três anos e meio e só voltam próximo das eleições. Não existe uma pauta permanente de estudos e orientação dos filiados na construção de agentes políticos “A cúpula dos partidos desconhece o valor da mulher no processo administrativo por conta do machismo que ainda impera. É uma lástima. As legendas precisam fazer uma reflexão, mudar de comportamento e apostar nas ações assertivas e de transparência da mulher na política. Elas jogam às claras e na participação social são muito mais convincentes”, finalizou.

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