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Um declínio oportuno

15/06/2017 00h22 - Atualizado há 7 anos Publicado por: Redação
Um declínio oportuno

Nós brasileiros testemunhamos nos últimos anos – se estivemos atentos e abertos às realidades mais patentes – diversas “aulas magnas” sobre a fragilidade das imagens das pessoas públicas e, como nós, cidadãos comuns, devemos manter níveis saudáveis de desconfiança e critérios sólidos e inteligentes de questionamento (o que significa não nos deixarmos cair e afundar nas ilusões). 

Um dos mais recentes e retumbantes casos é o de Aécio Neves. Em 2013, durante as eleições, e em uma circunstância de grande desaprovação do governo Dilma, ele despontou como uma “estrela em ascensão”, e por pouco não venceu as eleições presidenciais. Ontem, quase quatro anos depois, ele teve o seu nome retirado do painel de votações do plenário do Senado Federal. Ao lado de seu nome está escrito “afastamento por decisão judicial”. O tucano, como já é sabido, é acusado pelos crimes de corrupção e obstrução de Justiça. Ele foi gravado pelo empresário Joesley Batista, do grupo JBS, pedindo propina e falando em medidas para barrar o avanço da Operação Lava Jato. 

Diversas vezes, em público, naqueles discursos oficiais, cheio de poses, o senador defendeu mais de uma vez a Lava Jato que, na calada da noite, era atacada pelo mesmo personagem. 

Outros exemplos de imagens e histórias ilusórias destruídas são o de José Dirceu, Dilma Rousseff, Sérgio Cabral, Eduardo Cunha, Eike Batista, Odebrecht e, claro, Lula. Todos esses personagens – e muitos outros não citados – diante das câmeras, em frente aos gravadores dos jornalistas, posando para os flashes das fotos posaram. Nas sombras, no entanto, usaram e abusaram dos poderes que buscavam satisfazer interesses pessoais ou partidários. Juntos deles foram arrastados (e deixaram-se arrastar) familiares, partidários, parceiros de ocasião; uma leva enorme de políticos e empresários.

Frente à tão frustrante realidade, diante de tão enorme desfile de máscaras trucidadas, perante essa fila de “reis nus”, resta a nós, brasileiros, aprendermos e nunca esquecermos da lição de Danilo Kiš, no seu Conselho para um jovem escritor: “Não acredite em estatísticas, números, em declarações públicas: realidade é o que não se pode ver a olho nu”.

O mesmo escritor, no mesmo texto, diz: “Tenha consciência que a fantasia é irmã da mentira, e portanto perigosa”. Não vivemos o momento nem para pensarmos que “tudo vai melhorar”, nem para pensarmos que “tudo está perdido”. Vivemos uma oportunidade única: a oportunidade de ver as coisas um pouco mais como elas de fato são. E precisamos nos aproveitar disso. 

 

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