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Doação da obra de Salvador Dali é questionada pela família Ibaixe

10/04/2013 11h29 - Atualizado há 11 anos Publicado por: Redação
Doação da obra de Salvador Dali é questionada pela família Ibaixe

A doação das cem gravuras feitas por Salvador Dalí para ilustrar “A Divina Comédia”, de Dante Alighieri, pode não vir para São Carlos, porque as obras já haviam sido destinadas ao Instituto Cultural Antônio Ibaixe, em 2007. Esta é a informação divulgada ontem pelo o advogado e gestor do Instituto, João Ibaixe Júnior, que pretende reverter o ato do empresário Lover Ibaixe, seu tio, que doou o acervo à Prefeitura de São Carlos.

“A meu ver há um equívoco de comunicação que provocou toda essa confusão. O que se planejava via Instituto era fazer em São Carlos uma exposição do acervo. No final de semana a conversa ganhou outro contorno e virou uma doação”, disse Ibaixe Júnior.

O gestor do Instituto foi categórico ao informar que as obras pertencem à família que criou a Organização não Governamental (ONG) com o nome do avô para difundir cultura. “Não entendi por que não fui procurado pela Prefeitura, se tivéssemos tido uma conversa, não chegaria a esse ponto. Mas entendo que houve um erro de comunicação e espero que tudo seja solucionado”, afirmou.

O doador Lover Ibaixe disse que as obras são de responsabilidade dele e por isso não há problema nenhum em serem doadas à cidade. “Eu doei para São Carlos porque elas são minhas. Eu sou o dono delas. Já está doado e acabou”, afirmou.

Por telefone, Lover Ibaixe disse ao Primeira Página, na tarde de ontem, que quando doou a obra ao Instituto há seis anos, tinha cláusulas de reversão da obra, entre elas a condição de divulgação do acervo. “Foi por conta dessa falta de condição de expor a coleção que eu optei em reverter a doação e passar as gravuras para a Prefeitura”, relatou Lover.

“O João (Ibaixe) nunca fez nada nesse período para difundir a coleção de gravuras de Dali. O argumento de que ele tem a posse da obra não procede. A fala dele não vale nada”, afirmou Lover.

O empresário de 84 anos afirmou também que o episódio trouxe constrangimento a ele. “Meu sobrinho quis me desmoralizar publicamente”, revelou.

Segundo Ibaixe Júnior, o Instituto está negociando a impressão do livro “A Divina Comédia” do poeta italiano Dante Alighieri, ilustrada com as gravuras de Salvador Dali como foi concebido originalmente nos anos 1960, em comemoração ao centenário de 500 anos do poema. “O projeto ficou estacionado porque o dono da editora Ourivesaria da Palavra morreu e estamos renegociando com a família a edição do livro”, afirmou Júnior.

Questionado sobre a possibilidade da disputa se tornar uma ação judicial, Ibaixe Júnior disse que dependerá da postura da Prefeitura. “Não há interesse da família que se discuta judicialmente o processo de doação”, relatou.

Procurada pela reportagem, a secretaria de Comunicação informou que o prefeito Paulo Altomani está em São Paulo e se manifestará sobre o assunto hoje (10), durante a coletiva sobre os seus 100 primeiros dias de governo.

 

A Doação

Prefeitura prepara prédio para receber acervo de Salvador Dali

As cem xilogravuras de Salvador Dali para ilustrar a edição histórica da “Divina Comédia”, de Dante Alighieri, feita em 1960, foram doadas na manhã de segunda-feira para São Carlos pelo empresário Lover Ibaixe. O acervo é histórico já que são gravuras adquiridas do próprio autor que deram origem a 500 cópias que foram vendidas por Dali.

 

Questionado sobre qual será o investimento do município para manter o acervo assegurado e dentro das especificidades técnicas de aclimatação, para evitar a deterioração, Altomani elencou a reforma do Palacete Conde do Pinhal, onde hoje funciona a Secretaria da Educação do município, ou o prédio da Pinacoteca, inaugurado em dezembro de 2012, que fica na Baixada do Mercado, antiga piscina pública.

A obra retrata o caminho do homem do inferno ao céu, passando pelo purgatório e foi exposta uma única vez na Câmara dos Deputados, em Brasília (DF), na década de 1990. De acordo com o prefeito Paulo Altomani (PSDB), a obra tem “por baixo um valor estimado em R$ 100 milhões”.

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